CPI da Malha Ferroviária esteve em Piracicaba

Integrantes vieram saber das investigações chefiadas pelo delegado federal Lopes Abelha

Dois procuradores e assessores da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que está investigando a situação do Sistema Ferroviário no Estado de São Paulo, estiveram ontem na Polícia Federal de Piracicaba, onde tiveram acesso ao relatório que está sendo preparado pelo delegado Federal Carlos Fernando Lopes Abelha.

A CPI tem prazo regimental, até 25 de março, para reunir todas as provas de que as linhas férreas foram totalmente devastadas. Os membros terão mais 30 dias para elaborar relatório.

José Roberto Caglia e Jorge Luiz Galli, que vieram a pedido da relatoria da CPI, disseram que o trabalho de investigação realizado pelo delegado Carlos Abelha é pioneiro no Estado de São Paulo.

"Com todo o material coletado pelo delegado, a CPI vai poder ter voz e força para encaminhar tudo aos órgãos competentes", observou Caglia.

O relatório que está nas mãos de Abelha é bastante rico em informações e, principalmente, fotografias e filmagens da malha que foi destruída. Ele mesmo acompanhou a coleta de imagens. A visita mais recente foi na região de Ribeirão Preto, onde o delegado Federal utilizou um helicóptero para registrar toda a área devastada.

Ele disse ontem à Gazeta que aguarda o laudo pericial para poder indiciar os suspeitos de acabarem com trilhos, locomotivas, dormentes e estações ferroviárias. Entre eles podem estar alguns de Piracicaba.

"Muita gente pega peças de trens achando que é sucata, mas é tudo coisa que dá para reformar. Encontramos uma roda, por exemplo, que estava com ferrugem. Na verdade era só uma película de ferrugem. Ela foi reformada e ficou perfeita", destacou Abelha.

O delegado disse que encaminhou ofício a uma concessionária que arrematou seis locomotivas num leilão e as reformou, pedindo que ela mande imagens destas locomotivas para serem anexadas ao relatório.

"É uma forma de mostrar que nada que diz respeito à linha férrea deve virar sucata. O trilho só deixa de ter serventia para a linha férrea quando tem menos de três metros de comprimento. Mesmo assim, pode servir de estaca na construção civil ou usado num pátio secundário que serve para manobra", explicou.

DETALHES. No documento que será entregue à CPI, Carlos Abelha vai detalhar quais são as peças e componentes das locomotivas e linhas férreas.

"Nele vai constar o que é uma subestação de 138 KV, como é composto o vagão de carga, o que significa um truck de rolamento, um transformador, a longarina, entre outros. Quando o Tribunal de Justiça for analisar, vai ver que o que estão fazendo no Estado, destruindo locomotivas, estações e trilhos, é um crime muito grave".

CPI. A Comissão Parlamentar de Inquérito, que investiga a destruição da malha ferroviária no Estado de São Paulo, é presidida pelo deputado Vinícius Camarinha (PSB), tem como relator Mauro Bragato (PSDB) e ainda os deputados (PT), Edson Giriboni (PV), Davi Zaia (PPS), Milton Leite Filho (PFL), José Zico Prado (PT) e Célia Leão (PSDB). Denúncias sobre a retirada de trilhos podem ser feitas pelo telefone (19) 3301-5200. (Ana Cristina Andrade)

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