Debate alerta para apagão ferroviário

Expansão de transporte de cargas e passageiros exige providências dos governos estadual e federal nos próximos anos

José Arnaldo de Oliveira
Agência BOM DIA
Foto: Julio Monteiro/Agência BOM DIA

O uso da mesma linha de trens para transporte de cargas e de passageiros no trecho entre Jundiaí e São Paulo está criando impasses entre o governo e a iniciativa privada.

A CPTM, do governo estadual, estima investir R$ 23 bilhões no sistema metroferroviário até 2011 (incluindo 152 novos trens). Apenas a linha 7, entre as estações da Luz e de Francisco Morato, registra 400 mil viagens diárias, com 7,5 mil passageiros na extensão de Jundiaí.

De outro lado, a MRS Logística, concessionária privada federal de 1,7 mil km de ferrovias até 2025, tem movimento estimado em 15 milhões de toneladas por ano, com potencial de 45 milhões. E divulga crescimento atual de 15% ao ano.


 Trecho da linha que liga Jundiaí a São Paulo
Para ambas, o incremento de tecnologia de trens e trilhos pode garantir temporariamente mais tempo de convivência pacífica (com espaço noturno para aumento de trens de carga, por exemplo). Mas outras soluções não podem demorar.  

“Já encomendamos novas locomotivas para a descida da Serra do Mar no sistema cremalheira, a serem entregues em 2012”, diz José Roberto Lourenço, gerente  de relações institucionais da MRS, em evento do Ciesp Jundiaí.

De acordo com a CPTM, as duas empresas estudam soluções “como o Ferroanel Norte, a Segregação Leste, a Segregação Sudeste e a transposição do centro de São Paulo por túnel” para se evitar um apagão ferroviário.

A alternativa mais barata seria a segregação, criando  linhas extras – totais ou parciais – dentro da faixa de domínio das linhas atuais (de 20 a 50 metros de largura).

Mais cara, a alternativa do Ferroanel Norte criaria outra ligação de cargas entre Jundiaí e Itaquaquecetuba. 

Essas propostas estão sendo avaliadas pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), em Brasília, sem prazo de finalização de projetos.

“Para investirmos na expansão do pátio em Jundiaí, por exemplo, dependemos dos avanços”, diz Lourenço.

A MRS tem como principais controladores a Vale do Rio Doce e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

TAV emperra trem a Campinas
Os desafios de convivência de passageiros e cargas poderia se estender até Campinas. Em março, o decreto estadual 55.564 ampliou até a cidade a atuação da Secretaria de Transpores Metropolitanos (ao lado de Sorocaba e Baixada Santista).

Mas a assessoria da CPTM informa que o edital do TAV (Trem de Alta Velocidade), lançado pelo governo federal e incluindo o trecho, suspendeu os planos nesse sentido.

O governo de Jundiaí discute projetos  de VLT (veículo leve sobre trilhos) com a CPTM - e o secretário Roberto Scaringela, dos transportes, esteve no debate. Mas as linhas podem ocupar outros setores da cidade.

Problemas positivos da volta da ferroviaA cena de trens e trilhos abandonados por falta de investimentos agora é trocada pelos limites ao excesso dos mesmos. 

Não deixa de ser positivo, mas levanta questões importantes ao debate econômico e político. Em Jundiaí, ponto histórico desse modal de transporte, a reflexão sobre o futuro da ferrovia revela a necessidade de cooperação qualificada sobre o assunto.

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